Jonas Bach Junior
Percebemos pensamentos como percebemos cores e formas, para isto, temos
um órgão de percepção muito especial. Podemos falar então no objeto percebido
pelo cérebro, os pensamentos. Além do objeto percebido, há a ação de perceber,
o olhar do cérebro.
Quando em alguma forma de interpretar o mundo impera uma
unilateralidade, este é um olhar monótono, mono tom, um cérebro que
percebe-vê-pensa apenas uma cor.
A racionalidade instrumental é cinza, apenas faz perceber pensamentos
que secam a vivacidade da realidade. O olhar do cérebro é o ato espiritual
humano. Há espíritos escravizados, o olhar é fixo, redundante. Até provoca
reações agressivas quando confrontado com outras matizes, outras cores, olhares
distintos.
A capacidade de perceber pensamentos de diferentes qualidades é questão
do olhar do espírito.
Há condicionamentos do olhar. A educação é em parte responsável por
isso, ao lado da cultura, dos processos sociais. Há espíritos que lutam para
libertar seu olhar e perceber pensamentos que mostram novas perspectivas.
A vida é rica e abundante e o seu enriquecimento começa no
desenvolvimento da capacidade de se ter muitos olhares. Seu enriquecimento
inicia nesta atitude interna que dirige o foco da intenção de sua consciência.
Um diálogo é uma troca de olhares, um intercâmbio de percepções que o
cérebro realiza ao externalizá-las em linguagem. O espírito humano livre é o
direcionador dos olhares e o criador de linguagens. Cria encadeamento de
palavras para expressar as amplidões do que percebe.
O espírito é filósofo e artista, num amálgama de cientista pesquisante
por palavras plenas de alma que movam o humano. Aqui o espírito percebe os
pensamentos que cria, como o pintor que vê o quadro que pinta. As tintas do
espírito, os conceitos, são plasmados conforme a paisagem que o espírito se
torna.
O espírito que não gosta da paisagem ativa seus
pincéis transmutando conceitos-formas. Neste ato, o autoconhecimento se torna
puro cuidado de si. Cada momento vivente é oportunidade, é dádiva deste ato
sagrado. O científico-filosófico, que funda-se no espírito, e o artístico que
extravasa-se com alma, , erigem o religioso, o que religa.
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