1 de novembro de 2013

O cérebro é um olho que percebe pensamentos


Jonas Bach Junior

Percebemos pensamentos como percebemos cores e formas, para isto, temos um órgão de percepção muito especial. Podemos falar então no objeto percebido pelo cérebro, os pensamentos. Além do objeto percebido, há a ação de perceber, o olhar do cérebro.

Quando em alguma forma de interpretar o mundo impera uma unilateralidade, este é um olhar monótono, mono tom, um cérebro que percebe-vê-pensa apenas uma cor.

A racionalidade instrumental é cinza, apenas faz perceber pensamentos que secam a vivacidade da realidade. O olhar do cérebro é o ato espiritual humano. Há espíritos escravizados, o olhar é fixo, redundante. Até provoca reações agressivas quando confrontado com outras matizes, outras cores, olhares distintos.

A capacidade de perceber pensamentos de diferentes qualidades é questão do olhar do espírito.

Há condicionamentos do olhar. A educação é em parte responsável por isso, ao lado da cultura, dos processos sociais. Há espíritos que lutam para libertar seu olhar e perceber pensamentos que mostram novas perspectivas.

A vida é rica e abundante e o seu enriquecimento começa no desenvolvimento da capacidade de se ter muitos olhares. Seu enriquecimento inicia nesta atitude interna que dirige o foco da intenção de sua consciência.

Um diálogo é uma troca de olhares, um intercâmbio de percepções que o cérebro realiza ao externalizá-las em linguagem. O espírito humano livre é o direcionador dos olhares e o criador de linguagens. Cria encadeamento de palavras para expressar as amplidões do que percebe.

O espírito é filósofo e artista, num amálgama de cientista pesquisante por palavras plenas de alma que movam o humano. Aqui o espírito percebe os pensamentos que cria, como o pintor que vê o quadro que pinta. As tintas do espírito, os conceitos, são plasmados conforme a paisagem que o espírito se torna.

O espírito que não gosta da paisagem ativa seus pincéis transmutando conceitos-formas. Neste ato, o autoconhecimento se torna puro cuidado de si. Cada momento vivente é oportunidade, é dádiva deste ato sagrado. O científico-filosófico, que funda-se no espírito, e o artístico que extravasa-se com alma, , erigem o religioso, o que religa.

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