3 de setembro de 2013

Adolescência versus Juventude

Primeiro espelho: Adolescência versus Juventude

Alma da sensação: 14-21  Adolescência / 21-28 Juventude


Edna Andrade

Primeiro espelho biografia

A adolescência começa com um sentimento vago de que as coisas já não são como eram antes. Até por volta de 14 anos a gente se sentia parte de alguma forma da família, da turma da rua, do pessoal do bairro ou da galera da escola… eu era filho de fulano de tal, pertencia a tal família…

De repente sem saber quando começou vem aquela sensação esquisita de separação: sou mas não sou… ainda não sei quem eu vou ser mas sei com certeza que eu não quero ser igual ao meu pai ou a minha mãe – que eu sou diferente. Que o meu casamento não vai ser como o dos meus pais, que a minha carreira vai ter um rumo diferente, etc.

Muitas vezes esta separação ocorreu de fato: intercâmbio cultural por exemplo; ou mudança de escola, ou mudança de bairro, de cidade…a vida sentimental do adolescente vive nos opostos:

Os sentimentos oscilam entre simpatias (gosto) e antipatias (não gosto); entre ser aberto, extrovertido e social ou fechado introspectivo e antisocial,

A vida emocional é frágil (ninguém pode saber o que eu sinto); dependente (ídolos, amigos, turma que confere identidade), e foge para zonas de conforto ou gozo lúdico da existência (jogos e vícios)

A consciência do adolescente é do tipo instintiva: ligada às necessidades físicas: defender meu território (quarto/livro/computador); competir para provar que sou o melhor; autonomia (ninguém manda em mim, eu não pedi para nascer); usa de artimanhas para conseguir o que quer, bateu/levou, ataque/defesa .

São os hormônios, dizem… ou a aborrescência como dizem outros…

Em termos do desenvolvimento físico é o amadurecimento do sistema urogenital que faz aflorar os instintos físicos na vida interna dando a tônica dos sentimentos e orientando a vontade na satisfação imediata das necessidades e dos desejos.

É o animalesco em nós diz a religião; somos um animal superior diz a psicologia comportamental.
Contrapondo-se a estes impulsos que vindo do corpo afloram na alma temos os impulsos que vem da consciência em formação, podemos chamá-los de anseios:

Vou estruturar melhor a minha família; vou trabalhar em algo que tem a ver comigo; vou me dedicar a algum trabalho que agregue valor à vida; vou lutar pelas injustiças sociais; etc. Na adolescência cada um de nós tem sua própria imagem de como o mundo deveria ser mas com certeza o que todos temos em comum é que este deveria ser um mundo melhor;

O que educa nesta fase da adolescência?
Um sólido conhecimento científico por exemplo é educador nesta fase porque torna o mundo real; medir, quantificar, associar, olhar os fatos; tudo precisa ser autêntico e tudo o que é ensinado deveria ser relacionado com os grandes processos evolutivos da vida: a alma adolescente precisa perceber o espírito que vive em tudo; precisa desenvolver ideais.

O segundo potencial educador da adolescência são as oportunidades de participar de experiências, projetos onde o seu anseio possa ser vivenciado na prática, onde ele possa exercitar a sua qualidade pessoal e torná-la uma qualidade de liderança. No anseio vive a vocação. O meio ambiente deveria proporcionar oportunidades para o adolescente fazer a ponte entre o seu anseio e a realidade porque isto lhe dará a capacidade de formar idéias a respeito das coisas e uma compreensão mais ampla dos fenômenos do mundo:

Como a adolescência se reflete na juventude?
Os 21 anos é o marco do nascimento do Eu . Enquanto a consciência do tipo instintiva tem relação com o que aflora dos processos corpóreos e se direciona para atender as necessidades não só do corpo mas do mundo ao redor, a consciência de Eu é do tipo superior e se conecta com a esfera mais elevada da vida anímica: com os anseios que direcionam o jovem para o mundo.

A consciência de Eu ela é do tipo faraônico, na juventude temos a impressão que descendemos dos deuses, sentimos a força do divino, da amplidão da vida, a juventude tem asas.

Quando o Eu não encontra esta acolhida na vida anímica do jovem (quando ela foi limitada) a força do interesse pelo mundo torna-se fraca e então temos o jovem que logo se acomoda em uma rotina; que se torna conformista; que tem tendências à auto-indulgência; que se desconecta da realidade

Quando o Eu não consegue se interiorizar a alma é arrastada pelas forças do meio ambiente perpetuando a adolescência e o jovem continua a ser direcionado pelos instintos se perdendo na experimentação e não conseguindo encontrar os meios para consolidar a vida. Temos então aquele jovem que troca constantemente de trabalho, de mulher, de lugar, de profissão.

O que contribui para uma juventude saudável são os ideais (sonhos) da adolescência que vão se refletir em programas de estudos, viagens, autonomia financeira, casamento; profissão; carreira. São os ideais que na juventude fazem o céu parecer ser o único limite, a vontade ser capaz de remover até montanhas e a vida ter um significado tão grande.

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