Primeiro espelho: Adolescência versus Juventude
Alma da sensação: 14-21
Adolescência / 21-28 Juventude
Edna Andrade
Primeiro espelho biografia
A adolescência começa com um sentimento vago de que as
coisas já não são como eram antes. Até por volta de 14 anos a gente se sentia
parte de alguma forma da família, da turma da rua, do pessoal do bairro ou da
galera da escola… eu era filho de fulano de tal, pertencia a tal família…
De repente sem saber quando começou vem aquela sensação
esquisita de separação: sou mas não sou… ainda não sei quem eu vou ser mas sei
com certeza que eu não quero ser igual ao meu pai ou a minha mãe – que eu sou
diferente. Que o meu casamento não vai ser como o dos meus pais, que a minha
carreira vai ter um rumo diferente, etc.
Muitas vezes esta separação ocorreu de fato: intercâmbio
cultural por exemplo; ou mudança de escola, ou mudança de bairro, de cidade…a
vida sentimental do adolescente vive nos opostos:
Os sentimentos oscilam entre simpatias (gosto) e antipatias
(não gosto); entre ser aberto, extrovertido e social ou fechado introspectivo e
antisocial,
A vida emocional é frágil (ninguém pode saber o que eu
sinto); dependente (ídolos, amigos, turma que confere identidade), e foge para
zonas de conforto ou gozo lúdico da existência (jogos e vícios)
A consciência do adolescente é do tipo instintiva: ligada às
necessidades físicas: defender meu território (quarto/livro/computador);
competir para provar que sou o melhor; autonomia (ninguém manda em mim, eu não
pedi para nascer); usa de artimanhas para conseguir o que quer, bateu/levou,
ataque/defesa .
São os hormônios, dizem… ou a aborrescência como dizem
outros…
Em termos do desenvolvimento físico é o amadurecimento do
sistema urogenital que faz aflorar os instintos físicos na vida interna dando a
tônica dos sentimentos e orientando a vontade na satisfação imediata das
necessidades e dos desejos.
É o animalesco em nós diz a religião; somos um animal
superior diz a psicologia comportamental.
Contrapondo-se a estes impulsos que vindo do corpo afloram
na alma temos os impulsos que vem da consciência em formação, podemos chamá-los
de anseios:
Vou estruturar melhor a minha família; vou trabalhar em algo
que tem a ver comigo; vou me dedicar a algum trabalho que agregue valor à vida;
vou lutar pelas injustiças sociais; etc. Na adolescência cada um de nós tem sua
própria imagem de como o mundo deveria ser mas com certeza o que todos temos em
comum é que este deveria ser um mundo melhor;
O que educa nesta fase da adolescência?
Um sólido conhecimento científico por exemplo é educador
nesta fase porque torna o mundo real; medir, quantificar, associar, olhar os
fatos; tudo precisa ser autêntico e tudo o que é ensinado deveria ser
relacionado com os grandes processos evolutivos da vida: a alma adolescente
precisa perceber o espírito que vive em tudo; precisa desenvolver ideais.
O segundo potencial educador da adolescência são as
oportunidades de participar de experiências, projetos onde o seu anseio possa
ser vivenciado na prática, onde ele possa exercitar a sua qualidade pessoal e
torná-la uma qualidade de liderança. No anseio vive a vocação. O meio ambiente
deveria proporcionar oportunidades para o adolescente fazer a ponte entre o seu
anseio e a realidade porque isto lhe dará a capacidade de formar idéias a
respeito das coisas e uma compreensão mais ampla dos fenômenos do mundo:
Como a adolescência se reflete na juventude?
Os 21 anos é o marco do nascimento do Eu . Enquanto a
consciência do tipo instintiva tem relação com o que aflora dos processos
corpóreos e se direciona para atender as necessidades não só do corpo mas do
mundo ao redor, a consciência de Eu é do tipo superior e se conecta com a
esfera mais elevada da vida anímica: com os anseios que direcionam o jovem para
o mundo.
A consciência de Eu ela é do tipo faraônico, na juventude
temos a impressão que descendemos dos deuses, sentimos a força do divino, da
amplidão da vida, a juventude tem asas.
Quando o Eu não encontra esta acolhida na vida anímica do
jovem (quando ela foi limitada) a força do interesse pelo mundo torna-se fraca
e então temos o jovem que logo se acomoda em uma rotina; que se torna
conformista; que tem tendências à auto-indulgência; que se desconecta da
realidade
Quando o Eu não consegue se interiorizar a alma é arrastada
pelas forças do meio ambiente perpetuando a adolescência e o jovem continua a
ser direcionado pelos instintos se perdendo na experimentação e não conseguindo
encontrar os meios para consolidar a vida. Temos então aquele jovem que troca
constantemente de trabalho, de mulher, de lugar, de profissão.
O que contribui para uma juventude saudável são os ideais
(sonhos) da adolescência que vão se refletir em programas de estudos, viagens,
autonomia financeira, casamento; profissão; carreira. São os ideais que na
juventude fazem o céu parecer ser o único limite, a vontade ser capaz de
remover até montanhas e a vida ter um significado tão grande.
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