4 de março de 2011

Imaginação e Cura, a transformação da face oculta da doença

Cognição Imaginativa
A transformação da face oculta da doença


Tânia Helena Alvares

São Paulo
2007




                                                                    Agradecimento



Agradeço a Deus os preciosos encontros
Que tenho em minha vida
Através deles posso encontrar
A mim mesma


Índice

Resumo                                                                                                                    
Introdução                                                                                                                
Objetivo                                                                                                                   
Revisão da literatura                                                                                                
1.       Observação e Reflexão; Capacidade Humana para Compreensão da vida   
2.       Representação Mental e Biografia                                                                
3.       Membros Constituintes do Ser Humano                                                       
4.      Imagens e Corporalidade                                                                               
Pacientes e métodos                                                                                                
Técnica de Imaginação Dirigida                                                                 
Relato de caso                                                                                                         
Discussão                                                                                                              
Anexos                                                                                                                     
Os seis exercícios complementares                                                                           
Exercícios imagéticos                                                                                               
Meditação da semente                                                                                             
Observação da planta                                                                                               
Meditação da rosa cruz                                                                                            
Resultados dos exames                                                                                            
Bibliografia                                                                                                              



Resumo

O objetivo deste relato de caso é o de demonstrar que a doença física é a imagem de uma história traumática vivida em algum momento da biografia, que permanece gravada na memória corporal e que quando compreendida e perdoada pode levar a remissão da doença. O paciente portador de metástases hepáticas secundárias a um tumor carcinóide de intestino delgado, foi submetido a sessões terapêuticas de 1,5 hora por dia durante 11 dias consecutivos, durante as quais ele foi conduzido a realizar uma série de quatro exercícios de imaginação dirigida com o propósito de promover um estado mental de harmonia, alinhamento e conexão com os seus conteúdos internos e favorecer a visualização da imagem traumática responsável pela doença. Durante o processo ele foi orientado a reformular todas as percepções e as conclusões retiradas da experiência, a liberar todos os sentimentos envolvidos e a refazer a mesma partindo de uma visão e uma compreensão espiritual. O paciente conseguiu transformar as conclusões realizadas de sua própria história adquirindo uma nova percepção de si mesmo e do mundo. Ele modificou a maneira de se posicionar diante das questões da vida, agindo com mais autonomia e liberdade. Ele passou a perceber as suas emoções e a questionar sobre a causa real das mesmas, encarando as experiências cotidianas como possibilidades para o seu caminho de auto superação. As lesões metastáticas não foram encontradas nos exames de controle repetidos três meses após o tratamento. Concluindo, este relato de caso nos demonstra que a doença é a manifestação física de uma história não resolvida que permanece viva e se expressa inconscientemente através dos pensamentos, sentimentos e atitudes frente às situações que acontecem e se repetem ao longo da vida, podendo ser curada após a compreensão e a transformação moral da mesma.

Introdução

            O caminho saudável do desenvolvimento humano desde o nascimento até a morte resulta da metamorfose das forças vitais em forças de sabedoria e amor. Ao longo das fases da vida, este processo é coordenado pela consciência superior que afina o corpo humano como um instrumento para a sua manifestação e expressão. Todo o material físico, psíquico e espiritual herdado da corrente hereditária e ancestral deverá ser transformado e substituído pela própria individualidade. Devido a isto, Rudolf Steiner afirma que as crianças nascem doentes ou predispostas a doenças, e que a pedagogia adequada lhes traz saúde plena. 1 E que: “a biografia é uma doença prolongada e a doença uma biografia condensada”. 2
A doença resulta, portanto, do confronto entre a individualidade e a sua própria história e a cura, na consciência, compreensão e superação amorosa da mesma. 3,4
O ser humano se encontra em um momento da evolução da consciência onde ele começa a observar a si mesmo, a refletir sobre suas próprias atitudes, e a modificar as cenas de seu cotidiano e de sua história. Ele já começa a observar a influência de conteúdos inconscientes no seu corpo físico e em sua vida psíquica e social.  Ele percebe, sente e atua movido pelas forças espirituais que estão por traz dos processos do mundo físico-sensorial o que Rudolf Steiner chama de conhecimento imaginativo, inspirativo e intuitivo respectivamente. 5
O objetivo deste trabalho é o de demonstrar que a doença física é a imagem de uma história traumática vivida em algum momento da biografia, que permanece gravada na memória corporal, e que quando compreendida e transformada moralmente pode levar a remissão da doença.

Objetivo

Demonstrar que a doença representa a imagem de uma cena traumática vivida em um momento da biografia do paciente, que pode ser curada após o desenvolvimento de um processo de imaginação dirigida que possibilita a consciência, a compreensão e a transformação moral da mesma. 6 ,7,8,9,10,11

Revisão da literatura

Observação e reflexão. As capacidades humanas para a compreensão da vida.
            A compreensão que temos da vida e a maneira que nos posicionamos ao longo de seu curso, resulta do modo como percebemos e conceituamos o mundo e as experiências nele vividas. O modo como percebemos o mundo depende do local de onde fazemos a observação e de nossa constituição física e mental. 16
Rudolf Steiner exemplifica a interdependência entre percepção e o local da observação através da seguinte imagem: quando estamos no início de uma alameda, as árvores mais distantes parecem menores e com menos espaço entre elas que aquelas próximas de onde estamos. Ele conclui que a imagem perceptual que temos do tamanho e da distância entre as árvores se modifica quando mudamos o nosso local de observação na alameda, e que isto em nada modifica o real posicionamento e tamanho das árvores. 16
            A relação entre a percepção e a constituição física e mental ele demonstra através da observação da fisiologia auditiva e visual. Refere que, para que possamos escutar um ruído devemos perceber as oscilações que as vibrações do ar provocam no ouvido médio, ouvido interno, na cóclea e interpretarmos estas informações através de áreas específicas do sistema nervoso central. Existem pessoas que por lesões na membrana timpânica e nos ossos do ouvido interno, o som não pode ser transmitido à cóclea, e outras, que este som não pode ser captado e decifrado pelas estruturas do sistema nervoso, por lesões no mesmo. Estas pessoas têm uma percepção sonora do mundo diferente dos demais. 16
Mecanismo semelhante ocorre em relação à visão. No olho existem estruturas chamadas de cones e bastonetes localizados na retina, que captam as várias frequências luminosas, transmitem-nas ao sistema nervoso que através da interpretação da relação entre estas frequências, forma a imagem da cor observada. Existem pessoas que não percebem nuances de claro e escuro e outras que não percebem o vermelho por lesões destas estruturas. Mesmo em pessoas consideradas normais as nuances de cores que podem distinguir, são aquelas que elas apreendem e conhecem durante a infância. Quanto maior o número de nuances e de cores reconhecidas durante a infância, maior a capacidade de visualização destas na vida adulta. 16
Assim, Rudolf Steiner conclui que, a percepção e a observação do mundo é realizada pelos órgãos dos sentidos.
            Ele também afirma que o ato de conceituarmos e refletirmos sobre tudo o que percebemos e observamos no mundo é realizado pelo nosso pensar. É através dele que temos a capacidade de associar uma percepção à outra e assim construirmos as nossas experiências. Também relata que o pensar confere ao homem o elemento que o vincula ao universo e ao todo, por trazer, os conteúdos do mundo das ideias e dos conceitos, ao encontro das percepções dos sentidos. 16
Observação e pensar são os dois pontos de partida de toda busca cognitiva consciente do ser humano e criam o que Rudolf Steiner denomina de representação mental. Nossas representações mentais são geradas à medida que nossa consciência percebe e conceitua o mundo e são modificadas sempre que alteramos a percepção e a compreensão do mesmo. 16
            A representação mental é a causa motivadora da ação humana e podemos observar que o ser humano muitas vezes é impelido a agir sem reconhecer as verdadeiras causas de muitas de suas ações. Muitas vezes ele reconhece o que deve ser feito, mas não consegue se mover em tal direção. Muitas vezes ele age impulsivamente sem consciência do porquê da ação. 16
            A representação mental também determina o sentimento humano. Segundo Rudolf Steiner o pensamento é o pai do sentimento. “O amor se baseia nas imagens que formamos do ente amado e quanto mais idealistas e profundas forem essas imagens, tanto mais substancial e profundo será o amor”. 16

Representação mental e biografia

            A consciência humana antes de penetrar no mundo material, no período antes da concepção, vive no mundo espiritual. Neste mundo as realidades, as leis que o regem, são completamente diferentes das conhecidas no mundo físico. Ao penetrar no corpo físico, esta consciência permanece permeada pelas forças espirituais e elas atuam por detrás do mundo percebido pelos nossos sentidos. Portanto, podemos imaginar que a atuação do mundo espiritual continua e penetra dentro do mundo físico sensorial durante toda a nossa permanência nele. 17
            Nos primeiros sete anos de vida este princípio superior atua através de forças formativas que estruturam o corpo físico, com o propósito de substituir toda a matéria herdada da corrente hereditária pela própria substância, pela essência individual, devendo após este período, permanecer do corpo herdado apenas o modelo. Neste período da vida o ser humano tem uma percepção semiconsciente destas forças, e seu desenvolvimento se faz a partir dos ajustes das mesmas com o mundo físico. As doenças infantis e os processos febris representam a manifestação material destes ajustes. Nesta fase a linguagem compreendida é a gestual e o elemento moral dos gestos é absorvido pelo corpo. 17 As impressões sensoriais são captadas pelos sentidos corporais, visão, paladar, olfato, calor, tato, vital, movimento, equilíbrio e, são gravadas como imagens no corpo físico. 18 Portanto, o aprendizado se faz pela imitação, o ser humano nesta fase aprende o que percebe pelos órgãos dos sentidos. 18
Segundo Rudolf Steiner, a alegria, o prazer e um amor sincero são as forças que melhor plasmam as formas físicas dos órgãos nos primeiros sete anos de vida. 19
            Dos sete aos quatorze anos de vida este princípio superior atua no desenvolvimento das faculdades da alma, faculdades relacionadas à memória e ao intelecto.  Isto proporciona uma transformação em relação aos hábitos, memória, inclinações e temperamento. As forças espirituais atuam nesta fase no desenvolvimento do segundo corpo, o corpo etérico. E elas se manifestam através das imagens, das representações simbólicas, das analogias, de uma orientação disciplinada da fantasia, da memorização antes da compreensão conceitual, do cultivo pelo belo e do despertar da sensibilidade artística.17 Neste período, todas as impressões sensoriais e as representações mentais são gravadas no corpo etérico.
Segundo Rudolf Steiner, a aspiração a ideais, a veneração, a formação de representações mentais espiritualizadas, o sentido do belo, a sensibilidade artística, a contemplação da natureza, a experimentação do próprio crescimento e vigor através de exercícios físicos constituem as forças que propiciam o desenvolvimento saudável do corpo etérico e a possibilidade de desenvolver a cognição imaginativa - a capacidade de ter uma compreensão dos fenômenos através das imagens que eles produzem. 19
            Dos quatorze aos vinte um anos de vida as forças espirituais atuam no desenvolvimento do terceiro corpo, o corpo astral. Nesta fase acontece o aperfeiçoamento das representações abstratas, do juízo e do intelecto. O desenvolvimento do pensar e da formação de conceitos. 19
            Segundo Rudolf Steiner, quando o ser humano desenvolve o pensar ele percebe os conteúdos espirituais que permeiam e estão por trás do mundo físico sensorial, ele penetra no mundo das ideias, ele se reintegra na totalidade do universo, ele tem uma visão verdadeira da realidade a partir de si mesmo e passa a agir de acordo com as suas intuições, pensamentos permeados pelos conteúdos espirituais. Neste momento o ser humano se torna livre e verdadeiro.16   O cultivo da verdade, da autenticidade e o exercício de externar o conteúdo interior contribuem para o desenvolvimento saudável do corpo astral. 19
            A partir dos 21 anos, após trabalhar na constituição de seus invólucros, a consciência superior penetra neste corpo e o ser humano adquire o potencial de desenvolver autoconsciência. Nas fases da vida subsequentes o processo de metamorfose continua objetivando a manifestação e expressão constante das forças espirituais no corpo e no mundo material.                     

Os membros constituintes do ser humano

Na Antroposofia o ser humano é compreendido como um organismo constituído de forças formativas cósmicas e terrenas, que se interagem, se desenvolvem e se transformam ao longo dos ciclos da vida.18 Estas forças se manifestam através de estruturas denominados membros ou corpos. Cada membro corresponde a um elemento e a um reino da natureza. 20

Forças           Membros        Organismo   Elementos    Reino
Cósmicas        Eu ou Espírito    Calórico         Fogo            Humano            
Cósmicas        Corpo Astral      Aéreo            Ar               Animal
Terrenas         Corpo Etérico    Hídrico           Água           Vegetal
Terrenas         Corpo Físico      Mineral           Terra           Mineral

O corpo físico é o revelador, tudo se expressa nele e através dele. Dentro do mundo manifesto ele se iguala ao reino mineral e com a morte podemos observar os processos que nele atuam. Ele fica sujeito a forças de desintegração e é desprovido de vida. Durante a vida essas forças ficam a serviço de algo superior, que empreende uma luta contínua contra as substâncias e forças de decomposição, mantendo sua forma e estruturação.5 Esta força que estrutura e configura o corpo físico é chamada de organização do Eu. Ela transforma toda a substância externa e a coloca a seu serviço. A consciência da organização do Eu é a consciência da morte.
A estrutura suprafísica superior que confere vida ao corpo físico é chamada de corpo etérico ou corpo vital. Este corpo permeia o corpo físico e é sua matriz invisível responsável pela sua multiplicação, reprodução, crescimento, fluxo da vida, memória. O homem o possui em comum com o vegetal e sua consciência é a do sono profundo. Tudo o que é vivo possui corpo etérico. 5
O corpo etérico, da cabeça aos pés, é um cérebro, um órgão cognitivo, um órgão de memória, transmissor de padrões biológicos e comportamentais, um órgão de aprendizado. É um cérebro vivente. O cérebro físico é a estrutura utilizada pelo cérebro etérico para sua expressão e manifestação. 20
O corpo etérico é constituído de pensamentos inconscientes, semiconscientes e conscientes. Pensamentos inconscientes plasmam os órgãos e toda estrutura corporal física. Ele carrega pensamentos inconscientes de origem genética e absorve pensamentos advindos da educação e da cultura. Pensamos com todo o corpo. Nossos músculos, tendões, ossos, sangue e vísceras têm consciência e pensam pensamentos corpóreos e orgânicos. Determinados pensamentos são responsáveis por nossas posturas corporais, faciais e pela forma e funcionamento de nosso corpo. 20            
Para que o ser humano atue através da consciência da vigília, para que ele acorde, saia do estado vegetativo, se faz necessário à atuação do corpo astral, responsável pelo movimento, pela animação, excitação, sensação, dor ou prazer. Responsável pelo processo de maturação e aquisição da forma adulta. Ele tem este corpo em comum com os animais e a consciência do corpo astral é a do sonho.5 No corpo astral as forças arquetípicas cósmicas planetárias e zodiacais se expressam nos órgãos e na forma do corpo humano manifestando qualidades anímicas e somáticas.20
O Eu é o membro que diferencia o ser humano dos demais reinos. Permite o fluxo de memória coerente, ininterrupto que possibilita a autoconsciência e a conscientização de algo permanente nas vivências humanas. É o membro que confere a recordação ao ser humano. Ele reúne os demais membros organizando as funções somáticas e psíquicas a seu serviço desta forma sendo denominado de organização do eu. O Eu dá a possibilidade ao homem de fazer escolhas motivadas por um ideal moral, o que o torna um ser livre e individual. 5

Imagens e corporalidade

Rudolf Steiner comenta que quando o ser humano passa por um desenvolvimento interior ocorre uma modificação em sua constituição física. Ele relata que o corpo físico de uma pessoa que está realizando um caminho de desenvolvimento apresenta-se expandido e repleto de imagens interiormente vivas e ativas que revelam todo este conteúdo espiritual. Do contrário, o corpo humano daqueles que não estão se desenvolvendo espiritualmente as imagens se encontram aglomeradas como uma matéria condensada e escura. Relata que o corpo etérico se comporta como um narrador, narrando a evolução do mundo, refletindo como as pessoas se transformam através de suas encarnações no curso desta evolução, podendo-se perceber culturas da humanidade, encarnações desta ou daquela individualidade, evolução cósmica e a participação das hierarquias superiores nesta evolução. Descreve o corpo astral como possuidor de vivências, de pensamentos, vontades e sentimentos, sendo que naqueles que estão em processo de desenvolvimento espiritual e manifestam atitudes altruístas e universais ele se torna cada vez mais brilhante e semelhante ao Sol. Refere que o Eu, mostra sua tendência em deslocar, expandir o conteúdo de sua consciência, levando e trazendo informações do universo, naqueles que avançam em sua evolução. 23
Eva Pierrakos e Donovan Thesenga relatam que nos seres humanos os pensamentos, e sentimentos positivos, possuem um movimento dinâmico, são flexíveis e fluem harmoniosamente com as forças divinas e correntes de energia. Entretanto aqueles que foram gerados por vivências que resultaram em sofrimento e dor se tornam estáticos e provocam um congestionamento no fluxo da energia vital. Eles denominam de imagens, estas impressões e conclusões sobre a vida e os relacionamentos que geram pensamentos e sentimentos de angustia, ansiedade, depressão, medo, raiva. Segundo estes autores, as imagens são formadas por conclusões imaturas originadas em um momento da vida, na sua grande maioria na infância, que ficam submersas no inconsciente e por isto se manifestam em atitudes reativas na maioria das vezes não compreendidas que são reproduzidas inúmeras vezes ao longo de uma existência. 4
Dr. David Servan Schreiber descreve o sistema nervoso do ser humano, como sendo constituído de um cérebro cortical cognitivo e um cérebro emocional inconsciente. O cérebro cortical é responsável pela linguagem, pensamento abstrato, consciente, racional, voltado para o processamento de informações vindas do mundo exterior, se localiza na camada externa do cérebro denominada de neocórtex. É também responsável pela atenção, pela concentração, pela inibição dos impulsos e dos instintos, pelo regulamento das relações sociais e pelo comportamento moral. A camada mais recente e desenvolvida na escala evolutiva dos seres vivos é encontrada nos homens e é denominado córtex pré-frontal. Nos estudos arqueológicos de cérebros animais e humanos observa-se camadas sucessivas no tecido cerebral sendo as camadas mais profundas do cérebro humano iguais as dos animais que nos antecederam na escala evolutiva os répteis e depois os símios. O cérebro emocional, inconsciente, responsável pela coordenação das reações fisiológicas do corpo e seu ajuste as necessidades e exigências do meio externo. Controla respiração, batimentos cardíacos, pressão arterial, sensação de fome, de sede, secreção hormonal e resposta imunológica. Localizado na região primitiva do cérebro nas camadas mais profundas, também chamado de cérebro primitivo, estrutura comum a do cérebro dos mamíferos e em seu núcleo a dos répteis, descrito por Paul Broca como cérebro límbico. 13
            O cérebro emocional tem uma estrutura mais simples do que o neocórtex e por isto processa informações de uma forma muito mais rudimentar, mas é mais rápido e por isto garante a nossa sobrevivência.24 O cérebro emocional está muito mais ligado ao corpo do que o cérebro cognitivo, sendo por isto mais fácil acessar emoções pelo corpo do que pela linguagem verbal. 25
            Os dois cérebros recebem informações do mundo exterior simultaneamente e eles podem atuar de uma forma cooperativa ou competitiva. Ambos enviam informações para o sistema nervoso autônomo e para o coração que também interfere como um biofeedback no controle do cérebro emocional. 26
            Atualmente é inquestionável a responsabilidade e a causalidade do comportamento humano na gênese dos desequilíbrios físicos e emocionais. As doenças representam uma imagem constituída de pensamentos, sentimentos e atitudes desarmônicas e inapropriadas do ser humano que podem ser curadas após a transformação e correção da mesma.

Pacientes e métodos

Pacientes com doença física com comprovação diagnóstica, submetidos à técnica de imaginação dirigida à vivência da cena traumática responsável pela doença. O processo é trabalhado com o propósito de trazer a consciência todos os pensamentos, sentimentos e comportamentos gerados pela experiência, a compreensão do seu significado moral e finalmente a transformação e a substituição da mesma e de todas as conclusões e atitudes por ela geradas.
                                   
Técnica de Imaginação Dirigida

Nesta prática utiliza-se de exercícios meditativos imagéticos, reflexões contemplativas, retrospectiva e visão panorâmica de vivências cotidianas e de cenas biográficas, os princípios dos seis exercícios complementares.
O paciente foi orientado a observar sua respiração e os efeitos que a mesma produz em seu organismo, até conseguir um estado de atenção e calma interior. 12,13
O processo consistiu da educação do pensamento, da harmonização do sentimento e do fortalecimento da vontade. Da reprogramação de traumas e crenças negativas.
O paciente foi treinado a observar suas reações mentais, emocionais e comportamentais frente aos eventos cotidianos, a correlacionar as mesmas com o desencadeamento de suas dores físicas ou psíquicas, e a trabalhar pela superação e ressignificação das mesmas. Além de realizar os exercícios da meditação roza cruz, que possibilitou um estado mental de harmonia, alinhamento e conexão com os conteúdos internos e favoreceu a conscientização da imagem traumática ou o padrão de reação mental, emocional e comportamental responsável pelo estresse relacionado a doença. 14     Durante o processo o paciente foi orientado a reformular todas as percepções e as conclusões retiradas da experiência, a acolher os sentimentos envolvidos e a refazer a mesma partindo de uma visão e uma compreensão espiritual.
                      
Relato de Caso

J.A.S. 48 anos, arquiteto, naturalidade Patos de Minas(M.G), procedente de Uberlândia(M.G), casado, 2 filhos, religião espírita, com uma história de aos 36 anos, após o nascimento do segundo filho, iniciar com diarréia e dor abdominal. Os exames complementares incluindo a colonoscopia nada detectaram. A cada 2 meses retornava ao hospital com distensão abdominal, alternância de hábito intestinal, diarréia e obstipação. Procurou gastroenterologista que diagnosticou cólon irritável, iniciou com tratamento medicamentoso e ao ser informado que essa doença era de cunho emocional, buscou terapias como yoga, meditação e terapia psicológica. Relata piora do quadro relacionado aos períodos de stress. Aos 40 anos se encontrava estável clinicamente e emocionalmente, quando teve um grave acidente automobilístico. Não consegue se lembrar do acidente, ficou fora de si, desesperado, agressivo, sentiu muita culpa e muita raiva. Estava dirigindo e sua esposa quase morreu. Teve que ser submetida a 14 cirurgias, chegou desacordada ao hospital em choque hipovolêmico. Ficou por vários meses impossibilitada de se movimentar. Achou que Deus o estava “sacaneando”, ficou muito revoltado. Com 45 anos teve nova crise de distensão abdominal, dor abdominal e diarreia. Foi repetido a colonoscopia, realizado um trânsito intestinal e diagnosticado doença de Crohn. Foi prescrito corticoide. Desenvolveu um quadro de irritabilidade importante com a medicação, além de paralisia do tornozelo direito, chegando a fazer uso de órtese. Há 2 anos, com 46 anos, desenvolveu um quadro de obstrução intestinal   e a colonoscopia identificou tumor carcinoide. Foi submetido a laparotomia, ressecado 60 cm do intestino delgado incluindo a válvula ileocecal. Detectado metástases em gânglios regionais e no fígado. Iniciou com quimio embolização hepática e foi colocado na fila do transplante hepático. Em 10/11/06 foi chamado para São Paulo para realizar os exames pré-transplante e ficar na cidade porque era o próximo paciente da fila do transplante. Neste momento ele procura uma ampliação do tratamento médico tradicional buscando terapias que propiciassem uma maior revitalização e compreensão mais profunda da verdadeira causa de sua doença. Ao relatar sua história comentou que a partir dos 20 anos de idade começou a ter um sonho que sempre se repetia. Ele se encontrava na linha de frente de um exército, em frente ao exército inimigo, sentia um pavor imenso e de repente era alvejado na cabeça e caia morto. Ele também visualizava a cena do recrutamento, antes de ir para a guerra. Era um artista, um cantor, e foi deliberadamente aprisionado para lutar e tratado como animal. Sentia muita raiva pela humilhação e opressão. Também visualizava a cena da frente de batalha quando o comandante ao vê-lo com medo de lutar atira para eliminá-lo devido ao mau exemplo. Ele descreve que aos 6 anos de idade, num passeio no campo com a família e amigos, estava brincando com os amigos na cachoeira e o irmão mais velho o tirou agressivamente da água, deu-lhe uma surra e o humilhou na frente de todos, inclusive diante do pai, que permaneceu passivo. Relata que sentiu muito medo e muita raiva neste episódio, e que tinha muitas dificuldades de relacionamento com este irmão. Relata que em toda sua vida sempre se esforçou em ser o melhor, o mais competente, o perfeito. E por isto muitas vezes era intolerante, prepotente, impaciente e explosivo. Principalmente quando se sentia ameaçado, invadido, contrariado ou insultado. Foram realizadas as técnicas de imaginação dirigida, ele revive a cena, os sentimentos, as conclusões elaboradas sobre o mundo, Deus, ele mesmo e o ser humano durante a experiência e faz a metamorfose da mesma. Nesta segunda cena, ele não teme a guerra, não hesita no momento da batalha, vai com coragem e sem medo, compreendendo o real significado da experiência. No dia seguinte ele é internado com um quadro de sub oclusão intestinal. Recebe alta no quarto dia de internação quando após várias tentativas dolorosas de sondagen nasogástrica sem sucesso, ele decide que a sondagem não seria necessária e remove decididamente a sonda da narina afirmando que o intestino funcionaria a partir daquele momento. Três horas depois o intestino volta a normalidade.   Novamente voltamos para a cena e diferentemente da primeira, onde por medo aceita ser submetido à vontade alheia, a humilhação, aos maus tratos e por isto sente muita raiva, diferente da segunda, onde ele aceita a vontade alheia com resignação e coragem, na terceira, ele utiliza a coragem e assume a sua vontade de não participar da guerra, por não ser esta a sua verdade essencial, e por isto foge e não participa da guerra. Ele ao compreender o verdadeiro significado da experiência perdoa não apenas aos agressores mas também a Deus que ele achava que o havia abandonado. Paciente evolui muito bem, com melhora do estado geral, do apetite e da disposição. Dias depois é chamado para a realização do transplante e recusa o órgão por não sentir que era o que deveria fazer no momento. Três meses depois ao repetir a tomografia, a ressonância magnética, o exame de urina 5HIAA, o exame de sangue específico para carcinoide (cromogranina A) e a cintilografia  de corpo inteiro com octreotídio 111 In, não foram detectadas as metástases e nenhum vestígio do tumor primário.

Discussão

No presente relato de caso podemos observar que o paciente refere desde sua juventude um sonho repetitivo com uma cena de intenso e profundo sofrimento onde identifica sentimentos de pânico, raiva e humilhação. Relata duas cenas de sua biografia quando aos 5 e aos 40 anos de idade reconhece a vivência dos mesmos sentimentos. Refere ter consciência e se perceber em algumas situações reagindo com atitudes explosivas de ira, perfeccionismo, crítica, prepotência, intolerância e impaciência.
Segundo Rudolf Steiner, um ser humano que busca um caminho de desenvolvimento espiritual deve adquirir cinco qualidades anímicas: o domínio sobre os pensamentos, a serenidade no âmbito dos sentimentos, o domínio dos impulsos no âmbito da vontade, a positividade no julgamento do mundo e a imparcialidade na concepção da vida. 5 E que a serenidade nos sentimentos ocorre quando a expressão da dor, da alegria, do prazer e do sofrimento é dominada pela compreensão da causa real que motivou o sentimento.
A maneira como este paciente reage em algumas situações de sua vida demonstra que ele se deixa arrebatar por emoções que geram atitudes impulsivas e ofensivas.
Rudolf Steiner afirma que a doença aparece assim que a esfera dos sentimentos penetra violentamente no órgão e que “a doença é apenas uma vida de sentimentos anormal do ser humano.”28 Refere também que “o pensamento é o pai do sentimento”, é o impulso gerador da ação humana, e é formado a partir da percepção e conclusão que o ser humano faz do mundo desde sua primeira experiência nele.16
O paciente relata um sonho de profunda dor e reconhece experiência semelhante em momentos determinados de sua vida. Que tipo de conclusões pode tirar uma criança de 5 anos de idade sobre o mundo e sobre a autoridade, quando numa fase onde ela está experimentando o mundo através dos órgãos dos sentidos através dos quais ela vivencia prazer e desprazer, bem estar e mal estar, liberdade ou aprisionamento, ela experimenta o medo, a insegurança, a ira, a opressão, o desrespeito? O que esta criança vai concluir do mundo? E como ela vai planejar se colocar nele para evitar tais sentimentos? Podemos observar pelo sonho relatado pelo paciente, que ele tem no inconsciente uma representação mental de um mundo extremamente violento e repressor, onde ele vive sob uma atmosfera de constante tensão e ameaça. Ao aprofundarmos na análise de todas as cenas do cotidiano onde ele reage com explosões de ira e intolerância, podemos concluir que possivelmente esta foi à maneira que aquela criança aprendeu a agir no mundo, e é também a maneira como ela se protege em um mundo em que ela concluiu ser mau e violento. Devemos nos lembrar que nos primeiros 7 anos de vida toda experiência fica gravada no corpo físico, momento onde os órgãos estão se desenvolvendo principalmente o sistema nervoso. Que comprometimento orgânico pode gerar uma imagem de extremo sofrimento? Que repercussão isto acarretará no desenvolvimento subsequente dos outros corpos suprafísicos e na relação entre eles, uma vez que estes corpos necessitam de órgãos e ambiente saudáveis para se desenvolverem e se fixarem na estrutura material?
Rudolf Steiner relata que o sentimento saudável e a saúde surgem de um movimento e de uma relação harmoniosa entre os corpos etérico e astral. E que nas doenças tumorais, ocorre uma alteração nesta relação às custas de uma retração do corpo astral e uma consequente atuação desequilibrada do corpo etérico, responsável pela proliferação celular desordenada. 28
Esta retração do corpo astral pode ser ocasionada por um problema orgânico que prejudica a implantação adequada do corpo etérico no corpo físico e conseqüentemente a do corpo astral sobre ele, o que altera a dinâmica de funcionamento dos mesmos. E também pelo desequilíbrio de dois princípios que foram implantados nestes corpos durante a formação dos mesmos no início da evolução da humanidade. 21

O princípio implantado no corpo etérico juntamente com as forças de vida, tem o objetivo de promover uma forte ligação do mesmo com o mundo material, e de regular as forças de desintegração e de morte no mundo físico sensorial. Este princípio quando sai deste domínio de atuação e passa a interferir na evolução humana, gera um desequilíbrio por desvincular o pensar humano de sua origem espiritual aplicando-o somente ao mundo material. Em consequência, promove um pensar rígido, materialista, um corpo etérico desvitalizado, endurecido e desgastado responsável pelas doenças crônico-degenerativas. 21
O princípio implantado no corpo astral juntamente com as forças de Luz tem como objetivo evitar que o homem se apegue exclusivamente ao mundo físico sensorial, favorecendo que ele se eleve acima deste e desenvolva um pensar artístico, belo, vivo e livre. Da mesma forma, se este princípio sair de sua esfera de atuação e interferir na evolução humana, surge um pensamento ilusório, egoísta, fútil, orgulhoso, sentimentalista, um corpo astral com atividade desequilibrada, escurecido responsável pelas doenças inflamatórias.21,27
A maneira materialista e ilusória de se compreender, sentir e viver se deve ao desequilíbrio destes dois princípios e é a responsável pelo pessimismo, pela crueldade e pelo egoísmo no mundo. Para se manter estes princípios em seus domínios legítimos de atuação faz-se necessário realizar a transformação moral do pensar. 27 Esta consiste na educação e no treinamento dos órgãos dos sentidos para que estes percebam em cada ser e em cada processo do mundo o seu lado positivo e as suas qualidades. Consolidando uma base firme para o desenvolvimento da verdadeira tolerância, que Rudolf Steiner caracteriza para a nossa época como sendo o caminho rumo ao Cristo através do pensar. 27
E assim diz Ele: “Em tudo o que pensa o menor de teus irmãos deves reconhecer que Eu estou pensando dentro dele, e que meu sentimento estará unido ao teu sempre que relaciones o pensamento de outro com o teu próprio, sempre que sintas um fraternal interesse pelo que se passa na alma da outra pessoa. Qualquer opinião, qualquer atitude frente à vida que descubras no menor de teus irmãos, dentro deles é a Mim que estarás buscando.”29
Rudolf Steiner esclarece que o ser humano não encontrará o Cristo se permanecer egoisticamente envolto em seus próprios pensamentos, mas somente se relacionar seus próprios pensamentos com os pensamentos das outras pessoas, se expandir o seu interesse até uma tolerância interior frente a tudo o que é humano.
O paciente foi conduzido a realizar a observação da imagem traumática e a percebe-la a partir de um outro ponto de vista. Foi demonstrado que a experiência que promove o sentimento de impotência interior tem como objetivo estimular a auto superação, e que esta só é possível quando a mesma é superada através da utilização de forças advindas do mundo espiritual. A esta experiência Sergei Prokofieff chama de ato de perdão que resulta em uma ação gerada a partir do sentimento da presença direta do Cristo dentro da alma, o que promove segundo o autor a reconciliação com o próprio destino.
“Se, no entanto, conseguirmos sentir a impotência e o restabelecimento resultante dela, ocorrerá o feliz acaso de termos uma relação verdadeiramente real com o Cristo Jesus. [...]. E aquele que[...] também pode falar de dois acontecimentos- da impotência e da ressurreição originada nela, esse fala da verdadeira experiência crística.” 30
O paciente fez a transformação da cena substituindo a mesma e todas as conclusões realizadas pelo enfoque do Eu inferior (personalidade, ego) pela cena e conclusões geradas pela permeação da Luz, da Vida e do Amor trazidos pelo Eu superior (consciência superior, Eu espiritual). Podemos observar que na primeira tentativa, apesar dele superar o medo, ele não transforma a submissão a vontade externa, o que é refletido na experiência da internação hospitalar e superada na postura em relação a sondagem nasogástrica. Faz-se portanto, necessário reformular o processo, quando então, ele consegue definitivamente sua auto superação. Ele se coloca com autonomia, liberdade e desenvolve o ato do perdão.
O resultado dos exames demonstrando o desaparecimento das lesões metastáticas pode ser explicado pela visão que Rudolf Steiner tem do corpo humano ao longo do seu desenvolvimento espiritual. 23 Ele refere que o homem apresenta imagens de sua história e do universo em seu corpo. As imagens e os sentimentos de dor e sofrimento se preservam como estruturas condensadas e escurecidas fixadas no corpo etérico e astral.23 Isto provoca como já discutimos, uma alteração do movimento e da relação entre ambos ocasionado as doenças. Quando o ser humano se deixa permear pela Luz de sua consciência superior, vai ocorrendo uma gradual dissolução de toda esta escuridão. Ao realizar a ato do perdão, toda a memória resultante dos erros experimentados ao longo da existência são apagados. Os elementos destrutivos e escurecedores aprisionados nestes corpos são liberados. Eles se tornam permeados pelo Cristo, o eu inferior começa a brilhar como sol gerando luz no corpo astral, vida no corpo etérico e ressurreição no corpo físico. 27
Finalizando, o processo de imaginação dirigida possibilita a consciência da causa real da história traumática que ocasionou a doença, a liberação dos sentimentos reprimidos e a cura da mesma a partir de sua transformação moral realizada pela compreensão espiritual da mesma e pela vivência do perdão.

Anexos

Os seis exercícios complementares

I - controle dos pensamentos

Domínio sobre o curso dos pensamentos. Objetividade, pensar de acordo com os fatos da vida, dar direção e meta ao pensar, coerência. Firmeza interio

II- controle da vontade

Domínio sobre os impulsos da vontade. O homem deve acostumar a obedecer suas próprias ordens, e não passivamente corresponder as necessidades que a vida cria. Habituar a desejar o que é possível, o que se faz uma ideia clara, coisas que a execução seja viável. Dar uma ordem para si mesmo para determinado momento do dia, durante meses seguidos. Ações simples e fáceis de serem realizadas, manter-se firmemente concentrado num objeto comum, eliminando qualquer pensamento não relacionado ao objeto. A pessoa se liberta de deixar os pensamentos vagar a esmo.

III- controle do sentimento

Equanimidade – A serenidade diante o prazer e a dor. Trará calma e serenidade, ativará o Eu superior e trabalhará a sombra.

IV- Positividade

Positividade no julgamento do mundo. O errado, o mau, o feio jamais pode impedir a alma de encontrar o verdadeiro, o bom e o belo onde quer que eles existam.
                                                                   
                                                                     V- Imparcialidade

A imparcialidade na concepção da vida. Impedir que vivências e experiências passadas roubem a receptividade imparcial para novas experiências
                                                                  
                                                                   VI- Harmonia

Harmonia na alma quando esses exercícios são praticados simultaneamente.

Exercícios imagéticos

                                                               Meditação da Semente

Observação da semente
Intensificar pensamentos corretos e a partir destes desenvolver determinados sentimentos.
Conscientize-se do que vê realmente: forma, cor, todos os demais atributos da semente. Reflita: dessa semente nascerá uma planta se for plantada na terra.
Conscientize-se dessa planta estruturando-a na fantasia.
Imagine: “O que agora represento em minha fantasia as forças da terra e da luz mais tarde farão realmente sair da semente. Se eu estivesse observando uma artificial não haveria força nem da terra nem da luz que pudesse sair dela e fazer sair uma planta.
Quem conceber esse pensamento com nitidez, quem o vivenciar interiormente, será capaz de formular o seguinte com o sentimento correto: “Na semente já, de forma latente, como força da planta toda, aquilo que mais tarde brotará dela. Na imitação esta força não existe. E ainda assim ambas são iguais aos meus olhos.” Na verdadeira semente esta pois contido algo invisível, que não existe na imitação. Dirija pensamentos e sentimentos a esse invisível. Esse invisível transformar-se a mais tarde, na planta visível que terei diante de mim em forma de cor.  Abandone-se ao pensamento: “O invisível tornar-se á visível.” Se eu não fosse capaz de pensar, não se poderia anunciar, desde já, o que só mais tarde virá a ser visível.”
O que se pensa deverá ser sentido intensamente.
Deve-se com calma vivenciar em si mesmo o que foi dito anteriormente. E é preciso que o pensamento e sentimento ligados a isso cheguem a encravar-se na alma. Se isto acontecer perceberemos uma força interior. E esta força gerará uma nova visão. A semente aparecerá envolta numa nuvem luminosa, seu centro de cor lilás e as bordas uma cor azulada. 14

Observação da planta
Coloque-se frente a uma planta em estado de pleno desenvolvimento. Pensamento: Esta planta virá o tempo dela perecer. A planta produz sementes que virão a ser nova planta. Pensamento: Esta forma de planta futuramente já não existirá. A idéia que ela produz sementes ensina me que não desaparecerá. Nela existe algo que não posso enxergar com os olhos que a livra do desaparecimento. Se deixo este pensamento e seu respectivo sentimento viverem em mim, desenvolverá depois de algum tempo uma força em minha alma que virá a ser uma nova visão. Da planta emanará uma cor em sua parte central, azul esverdeada e em suas bordas vermelho amarelada. As cores não são vistas como no plano físico. Perceber espiritualmente o azul equivale a vivenciar ou experimentar algo parecido com o que se sente quando o olhar físico observa o azul. Este aprendizado leva ao desvendar o mistério do nascimento e morte. 14

Meditação da rosa cruz

Imagine uma planta, como ela se enraíza no solo, como produz folha por folha, como desabrocha em flor. E agora imagine um homem postado ao lado dessa planta. Torne vivo em sua alma o pensamento a respeito de como o homem possui qualidades e faculdades que, frente às da planta, podem ser chamadas de mais perfeitas. Entretanto quando observa a planta não observa nela características encontradas no homem e por isto em certo sentido ela parece mais perfeita do que o homem. O homem está preenchido por desejos e paixões em sua conduta, e por isto existem erros. A planta segue as puras leis do crescimento. Então imagine a seiva verde fluindo através da planta, como a expressão das leis desapaixonadas do crescimento. Depois pense como o sangue circula pelas veias do homem, sendo expressão para os instintos, apetites e paixões. Deixe tudo isto surgir como um pensamento vivo. A seguir considere que o homem evolui e pode purificar seus instintos e paixões. Imagine o sangue como expressão dos instintos e paixões depurados e purificados. Observe a rosa e reflita: na seiva vermelha da rosa percebe-se a cor da seiva vegetal verde transmutada em vermelho, e a rosa vermelha assim como a folha verde segue as puras leis desapaixonadas do crescimento. O vermelho da rosa simboliza um sangue expressivo de instintos e paixões depurados. Procure tornar esta ideia viva em seu sentimento. Imagine uma cruz negra, ela simboliza a morte dos instintos e paixões, no ponto onde os braços da cruz se cortam, imagine sete rosas vermelhas, ordenadas em círculo. Essas rosas simbolizam um sangue que expressa instintos e desejos depurados e purificados. Vivencie esta imagem. Silencie. 14


                                                         Resultado dos exames

Ácido 5 Hidroxi Indolacetico pré tratamento: 15 mg/24 Horas; VR < 10 mg/24 Horas
Ácido 5 Hidroxi Indolacetico pós tratamento: 5 mg/24 Horas
Tomografia Hepato-esplênica e Cintilografia de Corpo inteiro com Índio In-111 Pentetreotide pré tratamento : Positiva no fígado e no baço.
Pesquisa de Corpo Inteiro com Octreotídio- 111 In pós tratamento: área focal de discreta hipercaptação do radiofármaco na porção central do lobo direito do fígado, correlacionar com ressonância.
Ressonância Magnética pré tratamento: presença de duas formações nodulares com aspecto sólido, localizadas no segmento VI do lobo hepático direito, subcapsular, medindo 10 mm e nas porções centrais do segmento VIII, medindo 13 mm.
Ressonância Magnética pós tratamento: Não foi identificado lesões nodulares de natureza sólida ou cística
Cromogranina A, soro: 19,3 ng/ml   VR: até 36,4 ng/ml
Tomografia Computadorizada de Abdomem e Pelve 31/08/2007: ausência de lesões metastáticas.

Bibliografia

1- Steiner, Rudolf. Die soziale Grundforderung unserer Zeit , GA 186, conferência de  1.12.1918
2- Burkhard, Gudrun. Bases Antroposóficas da Metodologia Biográfica. São Paulo: Editora Antroposófica, 2002
3- Prokofieff, Sergei. O. O Encontro com o mal e a sua superação na Ciência Espiritual- A Pedra Fundamental do Bem. São Paulo: Editora Antroposófica, 2003.
4- Pierrakos, Eva; Thesenga, Donovan. Não Temas o Mal. São Paulo: Editora Cultrix, 1995.
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23- Steiner, Rudolf. O Retrato Universal do Corpo Etérico. GA 145. Conferência em 29.3.1913.
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28- Steiner, Rudolf. Meditative Betrachtungen und Anleitungen zur  Vertiefung der Heilkunst. GA 316. Conferência de 3.1.1924.
29- Steiner, Rudolf. GA 193. Conferência de 11.2.1919.

30- Steiner, Rudolf. Como eu encontro o Cristo? GA 182. Conferência em 16.10.1918.

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